Lamúrias
Adilson Araujo
Silêncio
na noite
Sombras
sonâmbulas vagam nos muros
E
pensar que aos meus olhos
As
lâmpadas são tão turvas...
Tanta
coisa eu diria pra mim
Mas há
sempre um soluço
Entre
as minhas palavras
E essa
imensa vontade de ser livre.
Livre
para gritar e acordar
Aos que
dormem enquanto minhas lágrimas
Deleitam
nódoas amareladas em meu peito.
Ah e como
eu queria que os meus gritos acuados
Quebrassem
as taças que embebedam os medos
Que
rondam a liberdade.
E
assim, o palhaço do grande circo
Chamado
amor,
Ensaiaria
seu último sorriso.
E eu
diria, por todas as vísceras que fiz adormecer em mim
As
palavras malcriadas que o mundo engoliu
E que
vomitou sobre a minha cabeça.
E me
deliciaria com todos os cuspes
Que não
pude lançar
Nessas
caras lavadas e perfumadas
Dos
vampiros que me rodeiam.
Eu
nunca quis abraçar meus rancores
Mas
também nunca os vi assim tão pálidos...
Apenas
queria que nos meus olhos
Não
tivessem essas malditas grades
Que os
afastam das minhas verdades.
Para
mim, se pudesse,
Diria
que não é real essa angústia,
Que em
algumas noites,
Faz-me
desejar carinhos
Que
jamais sairão do velho paletó,
Náufrago
no cabide,
a
carregar o pesado mofo do passado.